Citações William Shakespeare

— Devemos aceitar o que é impossível deixar de acontecer. — Até mesmo a bondade, se em demasia, morre do próprio excesso. — O cansaço ronca em cima de uma pedra, enquanto a indolência acha duro o melhor travesseiro. — Vazias as veias, nosso sangue se arrefece, indispostos ficamos desde cedo, incapazes de dar e de perdoar. Mas quando enchemos os canais e as calhas de nosso sangue com comida e vinho, fica a alma muito mais maleável do que durante esses jejuns de padre. — Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o mundo como mestre. A experiência se adquire na prática. — Se o ano todo fosse de feriados, o lazer, como o trabalho, entediaria. — Ventre grande é sinal de espírito oco; quando a gordura é muita, o senso é pouco. — Que é o homem, se sua máxima ocupação e o bem maior não passam de comer e dormir? — Do jeito que o mundo anda, ser honesto é (igual) a ser escolhido entre dez mil. — Hóspede oferecido (...) só é bem-vindo quando se despede. — Um homem inteligente pode transformar-se num joão-bobo, quando não sabe valer-se de seus recursos naturais. — Quem não sabe mandar deve aprender a ser mandado. — A mulher que não sabe pôr a culpa no marido por suas próprias faltas, não deve amamentar o filho, na certeza de criar um palerma. — As coisas mais mesquinhas enchem de orgulho os indivíduos baixos. — Ninguém pode calcular a potência venenosa de uma palavra má num peito amante..

Fé, esperança e caridade

Eram três anjos - e uma só mulher QUANDO A INFÂNCIA corria alegre, à toa, Como a primeira flor que, na lagoa, Sobre o cristal das águas se revê, Em minha infância refletiu-se a tua... Beijei-te as mãos suaves, pequeninas, Tinhas um palpitar de asas divinas... Eras - o Anjo da Fé! ... Depois eu te revi... na fronte branca, Radiava entre pérolas mais franca, A altiva c'roa que a beleza trança!... Sob os passos da diva triunfante, Ardente, humilde, arremessei minh'alma, Por ti sonhei — triunfador — a palma, Ó — Anjo da Esperança!... — Hoje é o terceiro marco dessa história. Calcinado aos relâmpagos da glória, Descri do amor, zombei da eternidade!... Ai, não! - celeste e peregrina Déia, Por ti em rosas mudam-se os martírios! Há no teu seio a maciez dos lírios... Anjo da Caridade!... Castro Alves

Amar e ser amado

Amar e ser amado! Com que anelo Com quanto ardor este adorado sonho Acalentei em meu delírio ardente Por essas doces noites de desvelo! Ser amado por ti, o teu alento A bafejar-me a abrasadora frente! Em teus olhos mirar meu pensamento, Sentir em mim tu’alma, ter só vida P’ra tão puro e celeste sentimento: Ver nossas vidas quais dois mansos rios, Juntos, juntos perderem-se no oceano —, Beijar teus dedos em delírio insano Nossas almas unidas, nosso alento, Confundido também, amante — amado — Como um anjo feliz... que pensamento!?

A um coração

Ai! Pobre coração! Assim vazio E frio Sem guardar a lembrança de um amor! Nada em teus seio os dias hão deixado!... É fado? Nem relíquias de um sonho encantador? Não frio coração! É que na terra Ninguém te abriu... Nada teu seio encerra! O vácuo apenas queres tu conter! Não te faltam suspiros delirantes, nem lágrimas de afeto verdadeiro... É que nem mesmo — o oceano inteiro — Poderia te encher!... Castro Alves

POVO ( Por um 2009 mais antropofágico‏)

Povo, Mais uma vez, nos vemos envolvidos pelo clima de "final de ano" e nos sentimos meio que compelidos a refletir, dizer algo, fazer "balanços" e coisas afins. E quem me conhece sabe que gosto destes rituais "de passagem" e acredito que particularmente este, que celebra o "Ano Novo", merece ser lembrado e compartilhado com as pessoas que nos acompanham. Então, tomem este texto mais como "conversa de final de ano" do que qualquer outra coisa. Gosto do "ano novo" não, obviamente, pela comercialização desenfreada nem pelos sentimentalismos sentimentalóides que cercam muita gente nesta época do ano. Nem mesmo em função de umas tantas fantasias (e delírios), muitas vezes hipócritas, que contaminam retrospectivas do ano morimbundo e as perspectivas para o ano que nasce. Sinceramente, o que acho legal nesta história toda é o que ela guarda e diz sobre uma daquelas coisas que compõem a própria essência do que é "ser humano": nossa contraditória e apaixonada relação com o tempo. Afinal, é exatamente a passagem do tempo que celebramos com velas e fogos e, eventualmente, lamentamos com lágrimas. É o "tempo" que ritualizamos ao ponto de dar "poderes especiais" à passagem de um segundo, tentando transformá-lo em amuleto mágico para os 365 dias que virão pela frente. Como também é "tempo" que banalizamos e "perdemos" cotidianamente com bobagens e mazelas que, quando vistas em perspectiva, se mostram completamente vazias de sentido. Seja como for, foi pensando nisto que, ao rever 2008, me dei conta que uma das efemérides menos comentada do ano talvez fosse a mais adequada para falar sobre o "passar do tempo" e, que sabe, carregarmos algo deste turbulento ano para 2009: os 80 anos do "Manifesto Antropófago", de Mário de Andrade e Tarsila do Amaral. Falamos muito de um pouco lido Machado, celebramos uma sempre inconclusa abolição e até reescrevemos a História sobre a "segunda" ocupação do país. Mas, infelizmente, e não por acaso, faltaram celebrações e festas àquela que foi uma das grandes contribuições mais importante para a cultura e a vida deste país: a Antropofagia ou, em outras palavras, a sempre presente possibilidade de nos reinventarmos; a recusa à mesmice; o convite à renovação constante. Por isso, ao povo que me acompanha pelos muitos caminhos que cruzo durante o ano, acho que a melhor coisa que posso desejar é que, em 2009, SEJAMOS UM POUCO MAIS ANTROPOFÁGICOS. Particularmente em tempos neoliberais, marcados pela elevação do "presente", da "estabilidade" e do "indivíduo" à condição de semi-deuses, acho que uma boa forma para se começar o ano é lembrando o ensinamento Modernista: o novo só pode surgir da rearticulação com o velho; a renovação só pode brotar de dialéticas "disputas" com o "outro" e todo esse processo é tão contraditório e enigmático (e, por isso mesmo, belo) como os mistérios que se escondem por trás da máxima "oswaldiana": "Tupy or not tupy! That´s the question!". Afinal, ser "antropófago" também significa questionar quem somos, diante de nós e dos outros; significa desestruturar pré-conceitos, redimensionar limites, recriar possibilidades. Por isso, desejar a vocês um "2009 mais antropófago", para mim, significa desejar um ano cheio de constantes renovações; carregado de energias contra as consciências enlatadas e as idéias cadaverizadas e prenhe de criatividade e ousadia. E não nos esqueçamos que principalmente num mundo e num país como estes em que estamos mergulhados, não pode nos faltar alegria. Afinal, arrancar alegria de uma "geléia geral" como a que vivemos é mais do que uma "prova dos nove". É arma fundamental para seguir em frente. No mais, e sem querer ser redundante, fiquem com o antropofágico poema do Drummond e estejam certos em poder contar comigo no banquete que nos aguarda em 2009. Wilson HonórioRedeglutindo Oswald, 80 anos depois. =====================================Carlos Drummond de Andrade Receita de ano novo Para você ganhar belíssimo Ano Novocor do arco-íris, ou da cor da sua paz,Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido(mal vivido talvez ou sem sentido)para você ganhar um anonão apenas pintado de novo, remendado às carreiras,mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;novoaté no coração das coisas menos percebidas(a começar pelo seu interior)novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,mas com ele se come, se passeia,se ama, se compreende, se trabalha,você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,não precisa expedir nem receber mensagens(planta recebe mensagens?passa telegramas?) Não precisafazer lista de boas intençõespara arquivá-las na gaveta.Não precisa chorar arrependidopelas besteiras consumidasnem parvamente acreditarque por decreto de esperançaa partir de janeiro as coisas mudeme seja tudo claridade, recompensa,justiça entre os homens e as nações,liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,direitos respeitados, começandopelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novoque mereça este nome,você, meu caro, tem de merecê-lo,tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,mas tente, experimente, consciente.É dentro de você que o Ano Novocochila e espera desde sempre.

Crer

Então eu estou aqui E você também Me permita ser o seu espelho esta noite E cantar em mim o teu encanto Tua estranheza e teu espanto Como quem sabe no fundo Que não há distância neste mundo Pois somos uma só alma Me permita ser esta noite A voz que te canta e te encanta de si Que te faz sentir-se e parar Como quem volta pra casa e resolve se amar. Somos livres e não possuímos as pessoas Temos apenas o amor por elas... e nada mais E é preciso ter coragem para ser o que somos sustentar uma chama no corpo sem deixar a luz se apagar É preciso recomeçar no caminho que vai para dentro vencendo o medo imaginado assegurar-se no inesperado confiando no invisível desprezando o perecível na busca de si mesmo Ser o capitão da nau no mais terrível vendaval Na conquista de um novo mundo mergulhar bem fundo para encontrar nosso ser real E rir pois tudo é brincadeira Que cada drama é só nosso modo de ver A vida só está nos mostrando Aquilo que estamos criando Com nosso poder de crer Luiz Antonio A. Gaspareto Poesia extraída do disco Só você de Fábio Júnior

palmeira

A PALMEIRA COMO É LINDA e verdejante Esta palmeira gigante Que se eleva sobre o monte! Como seus galhos frondosos S'elevam tão majestosos Quase a tocar no horizonte! Ó palmeira, eu te saúdo, Ó tronco valente e mudo, Da natureza expressão! Aqui te venho ofertar Triste canto, que soltar Vai meu triste coração. Sim, bem triste, que pendida Tenho a fronte amortecida, Do pesar acabrunhada! Sofro os rigores da sorte, Das desgraças a mais forte Nesta vida amargurada! Como tu amas a terra Que tua raiz encerra, Com profunda discrição; Também amei da donzela Sua imagem meiga e bela, Que alentava o coração. Como ao brilho purpurino Do crepúsc'lo matutino Da manhã o doce albor; Também amei com loucura Ess'alma toda ternura Dei-lhe todo o meu amor! Amei!... mas negra traição Perverteu o coração Dessa imagem da candura! Sofri então dor cruel, Sorvi da desgraça o fel, Sorvi tragos d'amargura! Adeus, palmeira! ao cantor Guarda o segredo de amor; Sim, cala os segredos meus! Não reveles o meu canto Esconde em ti o meu pranto Adeus, ó palmeira!... adeus!. ! Álvares de Azevedo(1831-1852). Jovem poeta paulista, morreu de tuberculose aos 21 anos, leitor de Byron e Blake. Não teve sua obra reunida em livro, somente um conjunto em Lira dos Vinte Anos. Integrou a grupos de alunos boêmios da Faculdade de Direito de São Paulo - Sociedade Epicuréia. Machado aos 19 anos faz este poema em homenagem ao romantismo de Azevedo, incluindo Byron e Chatterton autores românticos que como Azevedo morreram na flor da juventude

o natal

"Na nossa sociedade faz frio. E o Natal é luz e calor! A humanidade enregela sem o Espírito que é fogo. Contra o frio do egoísmo, o calor do amor. Contra o frio da ganância, o calor da generosidade. Contra o frio da indiferença, o fogo da solidariedade. Contra o frio da solidão, o fogo da proximidade. Contra o frio do desencanto, o fogo do ideal."Vasco Pinto Magalhães ( Tudo aquilo que somos é um resultado daquilo que pensamos)